terça-feira, 26 de março de 2013

Quando o cuidador adoece...







Amigos, hoje o assunto será o Inho mas de uma forma diferente. Vamos conversar sobre como fica a situação do autista (ou portador de necessidades especiais) quando o seu cuidador adoece.

Cheguei ao sul dia 09/03, alegre, feliz, pois fazia tempo que não vinha para cá (estou ainda por aqui). Achei estranho ligar para minha mãe antes do voo e ela não atender, ligo de novo, ela atende e tudo ok. Chego na casa dela e ela está com dor de cabeça. A dita dor de cabeça ia e voltava, mas não "ia embora" totalmente.

O Inho mora com minha mãe, e é cuidado por ela. Meus pais são separados e meu pai sempre o leva praticamente todos os finais de semana para passear. Como é minha mãe que cuida do meu irmão, não é sempre que ela consegue ter tempo para ir ao médico imediatamente após uma dor, bem, quem é mãe de filho com necessidades especiais sabe como é a realidade, a correria do dia a dia, etc.

Na quinta da mesma semana de minha chegada ao sul, ou seja, cinco dias após a primeira dor de cabeça, minha mãe e eu depois de acharmos que é algo que anda errado, pois uma virose, dor de coluna ou sinusite não iam durar tanto tempo, ela aceita ir ao hospital comigo, meu irmão mais novo ficaria com o Inho e uma vizinha com meu bebê. Achei que minha mãe tinha melhorado da dor, estava dormindo, quando acorda com muita, muita dor, pedindo um remédio, nisso vomitou e desmaiou. Correria, desespero, angústia: liga para SAMU, SAMU leva para UPA que leva para o Hospital. Tomografia realizada, diagnóstico: aneurisma cerebral roto, ou seja, rompeu um aneurisma que sequer tínhamos conhecimento que minha mãe tivesse, e, aliás, nem ela sabia.

O aneurisma cerebral é uma doença silenciosa. Quando estoura e é diagnosticado e tratado a tempo há chances de vida ao paciente, podendo ou não o mesmo ficar com sequelas. Minha mãe teve que operar, fazer a clipagem do aneurisma e passa bem, estável, internada ainda na UTI.

Amigos, deixo um alerta: quem cuida do deficiente quando o cuidador adoece? Minha mãe deu muita sorte de eu estar em casa e ver todo o ocorrido. Eu e meu outro irmão agimos rápido, ele agora cuida do meu irmão e meu pai também, estamos nos organizando.

As pessoas me dizem "ah você tem que voltar para sua cidade", "ah seu pai tem que se virar com o Inho"... Oi, como assim? A vida não é tão fácil de ser resolvida assim e meu irmão não é "algo que alguém tenha que se virar"! Meu pai , eu e meu irmão estamos de mãos dadas nos revezando. Meu pai cuida do Inho com amor e carinho. Eu vou ao hospital 2x por dia, falo com médicos, meu pai cuida do Inho, e eu ajudo a cuidar também, por que meu pai, profissional liberal se não trabalha não ganha, se não ganha, como ajudar no sustento do filho deficiente e dele próprio?

Temos que ter sempre um plano emergencial caso aconteça algo com o cuidador. Imaginem se meu irmão não tivesse irmãos e nem pai como iria ser? É por isso que falo, clamo, esperneio por uma residência assistida para moradia permanente do autista que perdeu sua referência familiar e para casos transitórios que nem esse que passamos. 

Tenho minha casa em outro estado, não tenho como morar eternamente aqui no sul, temendo que algo aconteça de novo com minha mãe ou com meu pai. Tenho meu serviço, família, e estamos nos organizando por aqui até tudo ficar 100% ok.

Meu desespero é : onde meu irmão morará caso venha falecer meus pais , eu e meu irmão? É isso que devemos pensar, no futuro, por que infelizmente não somos eternos.

Fica aqui meu alerta: procure incluir no seu check up exame para ver se por acaso você tem um aneurisma. cerebral. É simples, converse com um neurologista. Segue link que explica melhor o que é um aneurisma cerebral: clique aqui para ir ao site

Agradeço a Deus pela vida da minha mãe, agradeço a Deus por meu irmão ter um pai tão amoroso e apaixonado por ele e agradeço as orações, ajuda e carinho que recebo de todos.

Vamos pensar e exigir do governo residências assistidas para pessoas portadoras de necessidades especiais. Um dia seu familiar pode precisar de uma ou você também. Ninguém está livre de sofrer um acidente, ter um aneurisma e ficar com graves sequelas. Minha mãe está bem, está sem sequelas graças a Deus. Agora é esperar a recuperação e fazer uma grande festa com seu retorno.

Um enorme abraço azul!

Créditos da imagem: google imagens / site: http://www.brasilescola.com/doencas/