sexta-feira, 11 de maio de 2012

Meu irmão e sua visita a sua antiga escola





Nós da associação de pais estamos promovendo um Workshop (DIR/FLOORTIME) em Porto Alegre, por esse motivo, resolvemos "sortear" algumas escolas (municipais e estaduais) a bem de disponibilizar uma vaga gratuita aos seus professores, sendo que nossos colaboradores estão indo as referidas escolas e entregando os convites.

Em uma delas, minha mãe levou meu irmão, pois assim como várias mães de deficientes, ela não tem com quem deixar seu filho. Meu irmão no trajeto todo da escola ficou "ligado", reconheceu o trajeto e "era só alegria."

Chegando na escola, ele foi direto aos lugares onde ia, visitou o refeitório (certamente seu local favorito) rsrs. Tanto ele quanto minha mãe foram extremamente bem recebidos, as "profes" lembraram do Inho, assim como ele delas, segundo minha mãe foi um momento de grande emoção.

Engana‐se que um autista e qualquer outro deficiente não "entende as coisas", que não tenham emoções. Inho demonstrou claramente sua alegria, sua expectativa, reconhecendo o caminho da escola que há anos não frequenta.

Fiquei com um duplo sentimento: alegria e tristeza. Claro que fiquei muito feliz dele ter tido esse momento de alegria, de ver mais uma vez a sua compreensão do mundo, reconhecer pessoas e ver que minha mãe e ele foram muito bem recebidos na escola. Fiquei extremamente triste por nossos governantes não disponibilizarem atendimento a autistas adultos, tendo que nós, pais, parentes, trabalharmos para isso ou contar com atendimento pago (que graças a Deus existem, porém poucos podem pagar) que atendam nossos anjos adultos.

Me indigna quando vou pedir apoio, doações, o que for, receber das empresas sempre a mesma resposta: "Nós ajudamos crianças carentes, projetos na área da educação, esporte, e blá, blá, blá", desta forma não ajudamos associações, igrejas, e etc". Sinto que a resposta é cheia de "fru, fru", como quem diz "ó, já cumprimos nosso papel social, agora vá pedir para outro".

POR QUE as empresas só ajudam os pobres? Pessoas sem deficiência que podem sim estudar, trabalhar, assim como eu fiz e me formei. Sei que há extremos casos de pobreza, não critico que ajudem, não é isso. Acontece que, os deficientes NÃO TEM QUEM OS AJUDE!!! Os pais de crianças, jovens, adultos, idosos autistas tem que trabalhar para pagar atendimento adequado, e MUITOS se trabalhassem, não teriam como, com seu pouco salário pagar o tratamento, não conseguem vagas nas poucas instituições gratuitas, vendose obrigados a não trabalhar  e outro membro da família trabalhar para o sustento de todos

Dói, dói, dói MUITOOO ver que não há atendimento gratuito a adultos maiores de 21 anos. Por que meu irmão e o filho/parente dos senhores que me leem agora não podem ter direito a atendimento só por que são adultos? A educação, saúde é direito de todos e eu não vou me calar enquanto TODOS do bebê ao idoso não tiverem tal atendimento gratuito.

Triste meu irmão ficar só na "lembrança", na "saudade". É visível que a ele faz falta o convívio na escola, a aprendizagem, o carinho dos professores. 

Me pergunto ATÉ QUANDO nossos adultos ficarão sem atendimento? TRISTE!

Abraço fraterno

Cris