terça-feira, 24 de abril de 2012

Meu irmão e sua bolinha.



Não devo ter comentado ainda com vocês, mas meu irmão adora uma bolinha. O Inho costuma brincar com uma bolinha de tênis, essas simples, amarela que todos devem conhecer. Ele tem preferência por assistir um determinado canal de TV, tem um gosto musical refinadíssimo, e apesar de pouco falar, cantarolava músicas em espanhol e francês desde bem pequeno.

Um dia quando estava viajando, me apaixonei por uma bolinha de basebol (ou beisebol), acho que é assim que se escreve, mas não era uma bolinha comum, era uma bolinha com o rosto do nosso amigo Mickey Mouse. Após comprar a bolinha (isso há dois anos atrás), meu marido me perguntou se meu irmão "entenderia" que aquilo era um presente, se ele não acharia aquela bolinha igual a qualquer outra, etc, perguntas comuns para quem pouco tem convivência com um autista (nós moramos em um estado e minha mãe e irmãos em outro).

 Respondi a ele que meu irmão é um autista clássico, bem comprometido, não é um autista como muitos que aparecem na mídia "super inteligentes" ou "totalmente dentro do seu mundo". Ele tem séria dificuldade de comunicação, pouco fala mas sabe exatamente quem o ama, quem se sente incomodado com a presença dele e tem seus objetos (brinquedos) preferidos e um deles é a bolinha.

Na ocasião não pensei duas vezes, comprei a bolinha e dei a ele. Minha mãe me contou que no início ele olhou mas não "brincou muito". Após alguns dias, a bolinha é sua companheira inseparável, até o dia que trouxe outra, mais colorida, do Bob Esponja, sendo que esta a "paixão foi mais imediata", porém Inho cuida das duas de igual forma e tem "ciúmes" caso meu filho de quase dois anos "queira emprestada."

Curioso é que há poucos meses, quando fui visitar minha mãe, meu outro irmão deu uma bola de futebol, daquelas de plástico, simples do meu amado Tricolor, o Grêmio. É claro que o Inho também se encantou pela referida bola ( e quem não se encanta pela bela cor azul do Tricolor? Rsrsrs), eu disse a ele que aquela bola era do "bebê", que cada um brincaria com a "sua bola". Ele entendeu e imediatamente entregou a bola ao meu filho e cada um ficou com sua bolinha.

Falei isso para ver a capacidade de entendimento do meu irmão (como se eu precisasse, sei que ele apesar da limitação do autismo, é super inteligente e entende tudo). Para minha surpresa, minha mãe me contou, que uma tarde que eu tive que sair e deixar meu filho com ela, Luizinho interagiu com o bebê, jogando a bola do Grêmio e o bebê a ele, em uma linda sintonia e Inho olhava para minha mãe, encantado, como quem dizia "olha a criança brincando".

Por hoje é só amigos, em pequenos gestos vemos o quanto são espertos esses seres de luz azul que Deus coloca em nosso caminho. 

Abraços azuis!


Crédito da imagem: google imagem. Site: http://omanancialzinho.blogspot.com.br/2010_04_01_archive.html

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A semana do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.




Pensem em uma pessoa morta de cansada, só o pó, essa sou eu, muito prazer!!! Trabalhei antes, durante e depois do dia dois de abril.

Como sabem sou voluntária em uma associação de pais de autista, eu e nossa equipe além do trabalho normal que temos, nessa semana trabalhamos bastante com a divulgação dos eventos e atividades.

Abrimos nossas comemorações com a passada de faixa chamando atenção à causa autista no Grêmio, em Porto Alegre, o que nos encheu de emoção, foi nosso evento de abertura das comemorações alusivas ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. No sábado tivemos nosso III Ciclo de Palestras, no domingo concentração e caminhada no Parque da Redenção, na quarta-feira entramos com faixa no jogo do Internacional.

Após todos esses eventos, a nossa entidade foi convidada a participar de um evento em SP, imaginem meu estado de cansaço! "Parei" apenas hoje, mas digo que valeu a pena!

Nessas atividades conheci muitas pessoas especiais, fiz amizades e mais pessoas se juntaram a nossa causa, que fique claro que nossa causa não é a associação e sim ao autismo.

Percebo que Luizinho entendeu o motivo de nossa ida até a Câmara de Vereadores no sábado, do nosso trabalho no domingo e das demais movimentações que ele presenciou.

Com tanto cansaço, tarefas, entrevistas concedidas, ver que ao final de tudo isso ajudamos a prestar informação e ajudar de alguma forma as pessoas, percebo que valeu a pena.

Uma vez uma amiga minha me disse que isso "dava muito trabalho", por que eu não saia, que eu tinha meus afazeres, etc. Se eu sair ,se todos saírem pois todos nós temos problemas pessoais, trabalho, filhos, compromissos, quem fará, quem estenderá a mão? Quem vai falar com aquele pai, com aquela mãe que me procuram e procuram a outros de nós da associação para desabafar, para pedir ajuda?

Cansa, cansa muito. Não ganhamos para trabalhar para a associação, fazemos por amor ao próximo e ver o sorriso no rosto, o conforto, mesmo que pouco que podemos dar ,posso dizer ao final: VALEU A PENA!!!!